SEM TÍTULO
Os relógios pararam.
No silêncio dos quartos adormecidos,
voa a miragem de sonhos perdidos.
Quimeras em viagem que sempre planaram
muita acima do possível,
muito acima.
Sob as tábuas do chão, enterrei as letras
com que um dia escrevi o meu futuro,
as páginas rasuradas de tantos planos,
os lápis gastos com que desenhei os dias
e essa borracha cruel que mos apagou.
No silêncio dos quartos adormecidos, o silêncio.
O silêncio nos quartos adormecidos.
E é noite em mim,
é sempre noite
insana noite e... nada!
Sob as penas do colchão enterrei as penas.
(Escrito por aí, numa madrugada qualquer.)